Sempre tive dificuldades para ler, eu tenho TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). Eu preferia ler gibis (Turma da Mônica, O Menino Maluquinho etc.), ou estórias com imagens, pois se eu lesse um texto puro, sem imagens, eu perdia o foco... ainda perco, mas não com tanta frequência. Outra dificuldade era visualizar a cena posta no livro, mesmo com o texto descrevendo-a de forma bem detalhada.
[OFF]Minha forma de aprendizagem é sinestésica. Na escola, quando um professor explica a matéria, eu copio o que está no quadro associando ao que ele fala. Enquanto copio, ao mesmo tempo eu leio. Só assim consigo entender. Por isso, odeio quando os professores ditam a matéria.[/OFF]
Quando peguei o “primeiro livro” para ler, “Harry Potter”, senti essa mesma dificuldade. Eu nunca entendi muito bem isso. Mas quando eu assisti ao primeiro filme da série, consegui criar coragem para ler, pois já tinha uma base visual, os atores me salvaram. Mas quando passei a ler o resto, eu fui criando minha própria forma de percepção e conceito em relação aos personagens; Eles já não mais eram os atores, eu consegui criá-los a minha maneira. Sem contar que aprendi muito com a série.
Por isso, talvez, minha opinião neste caso diverge com as de vocês... Acredito que é sempre bom ler um livro que ensina alguma coisa, mas a forma como o leitor o interpreta é muito importante independente do tema.
Meu professor de língua portuguesa ensinou que em um discurso literário o que vale é a prevalência do emissor. Quando se trata de poesias, o emissor está (normalmente) expressando seus sentimentos, divagações ou rimas sem um pouco de sentido, o que faz o leitor se pôr mais em sua posição, tentar saber o que o está passando em sua cabeça, ou coração.
Porém, EU acho que quando se trata de um livro de contos, não depende mais só do autor, que está “apenas” contando uma estória, o leitor agora está incluso por meio de sua própria interpretação, não na estória em si, mas no que ela significa (para ele [E talvez, isso é o que vocês estão querendo dizer sobre aprender com um livro.]), ele saiu da cabeça do autor e fez a sua própria.
Vou citar uns exemplos:
Em “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Capitu traiu ou não Bentinho? O Machadão deixou isso no ar, ele não diz que sim e muito menos que não, cabe ao leitor obter suas próprias conclusões (Não li o livro, mas li várias resenhas).
No momento estou lendo “A vida, o Universo e tudo mais”, de Douglas Adams, que faz parte da trilogia de 5 livros (como ele dizia) “O Guia do Mochileiro das Galáxias”. Devo dizer que a série é bastante cômica e sátira. O autor brinca com o ser humano e nos faz refletir sobre o modo em que vivemos e nos apegamos a coisas completamente fúteis, além de fazer pouco caso sobre tragédias e usa do escárnio para tratar de política.
Um trecho:
“Muitos falam, com toda razão, da lendária e gigantesca Espaçonave Titanic, uma majestosa e luxuosa nave de cruzeiro, lançada dos grandes estaleiros nos complexos de asteroides de Artifactovol há centenas de anos.
De infinita beleza, estonteantemente enorme e equipada com mais diversões do que qualquer outra nave daquilo que hoje ainda nos resta da História, teve o azar de ser construída logo no início das pesquisas em Física da Improbabilidade, muito antes que este difícil ramo do saber fosse completamente – ou ao menos minimamente – compreendido.
Os projetistas e engenheiros decidiram, em sua inocência, construir um protótipo de Campo de Improbabilidade na nave, cujo propósito seria, supostamente, o de assegurar que fosse Infinitamente Improvável que qualquer coisa desse errado em qualquer parte da nave.
Não perceberam que, por conta da natureza quase-recíproca e circular de todos os cálculos de Improbabilidade, qualquer coisa que fosse Infinitamente Improvável muito possivelmente aconteceria quase instantaneamente.
A Espaçonave Titanic era uma visão incrivelmente bela, atracada como uma Baleia Megavoid arcturiana prateada entre o tracejado laser dos guindastes de construção, uma nuvem brilhante de agulhas de luz sobressaindo-se contra a profunda escuridão do espaço interestelar. Entretanto, ao ser lançada, não conseguiu nem mesmo completar sua primeira mensagem de rádio – um S.O.S. – antes de sofrer um súbito e fortuito colapso total de existência. “Aqui o Titanic é abordado na realidade do livro (que é uma ficção científica). Sabemos que foi um navio criado para suportar a qualquer tipo de situação, além de ostentar bastante luxo. Porém por causa de um “simples” Iceberg, aconteceu o furdúncio que já conhecemos.
O Claudio nos disse para expor nossas experiências com a leitura, com os livros. Talvez aqui nós possamos trocar informações e recomendações a respeito de livros em geral. Eu gostaria muito de mudar de ideia sobre a literatura brasileira e gostaria também de conhecer a literatura portuguesa (Eu tenho um certo fascínio pelo idioma).
Bem... É isso, ficou bem grande
Mas é a forma que eu consigo me expressar melhor. Gostaria muito de um dia poder contribuir com alguma coisa útil aqui no fórum, eu só fico nos “OFF-TOPIC” e “Notícias Gerais”, estou caminhando em passos de formiga (ou tartaruga) em relação ao Linux.
Olha, pessoas... Eu demorei praticamente uma semana, para elaborar o texto acima, espero que tenham paciência comigo, eu sou uma pessoa cansativa, para me entender e me fazer entender é um pouco demorado. Eu desde já, peço desculpas (Eu sempre peço desculpas! Repararam? Tenho medo de ofender alguém, por isso).