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O futuro da Internet já está praticamente traçado. Conheça-o

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O futuro da Internet já está praticamente traçado. Conheça-o

Mensagempor Claudio Novais » Seg, 16 de Dezembro 2013, 22:51

Artigo original: O futuro da Internet - Espírito Livre.


      “Se a Internet tropeçar, não será por
      falta de tecnologia, visão ou motivação.
      É porque não pudemos definir uma direção
      e coletivamente marchar para o futuro.”

      Bob Kahn
A Internet como a conhecemos hoje, tem sido a base de uma das revoluções tecnológicas mais surpreendentes da história. Deu-nos uma visão da humanidade sem precedentes. Isso, sendo gerida sempre de forma aberta, colaborativa e inclusiva. Um modelo que muitos têm interesse de preservar para as gerações futuras, e ao qual outros tantos gostariam de colocar um ponto final, em nome de interesses sociopolíticos e econômicos. A gestão distribuída da Internet vem sendo ameaçada por regulamentos, abstenções e exclusões.

Faz tempo que a Internet Society (ISOC), preocupada com o futuro da Internet,  vem traçando cenários na tentativa de revelar cursos plausíveis para eventos que podem afetar a saúde da rede. O mais completo desse exercício, na minha opinião, foi realizado em 2009. E, em muitos aspectos,  alguns dos cenários traçados já são práticas correntes no nosso presente.

O cenário que mais se aproxima da nossa realidade atual é o “Porous Garden”. O que não significa, absolutamente, que qualquer dos outros três esteja plenamente descartado. Ao contrário, ainda corremos o risco de chegar ao ano de 2020 podendo estar mais próximos de qualquer um deles, sendo o “Common Poll” o cenário ideal dos defensores da Internet cada vez mais aberta, colaborativa e inclusiva.

Será que a Internet tal como a conhecemos sobreviverá a próxima década? Até aqui, a rede tem conseguido resistir a todas as tentativas de centralização e suportar aplicações que são ordens e ordens de grandeza mais complexas que as originalmente concebidas para uso do protocolo TCP-IP.

A única certeza que temos é que as tecnologias necessárias ao perfeito funcionamento da Internet na próxima década já estão definidas, como tão bem demonstrou o presidente do NIC.br e vice-presidente da ISOC Brasil, Demi Getschko, durante o 1°. Encontro Nacional da ISOC Brasil. Algumas já vingaram, como o IPv6, criado para solucionar um grave problema contemporâneo: o esgotamento do IPv4, apesar de todos os quebra-galhos técnicos feitos para esticar a sua vida útil. A previsão é a de que, em médio ou longo prazo, o IPv6 realmente substitua o IPv4. Outras tecnologias ainda enfrentam certo ceticismo, como é o caso das Redes Definidas por Software (SDN) e do OpenFlow.

Segundo Demi, o mundo está chegando a 2,5% de tráfego IPv6 na rede, atualmente. O que ainda é muito pouco. Mas esse uso vai crescer rápido até 2020. Individualmente, o Brasil é o país que mais distribuiu blocos de IPv6 e o que gera menor tráfego.

“O importante é que todas seguem características genéticas da Internet, como o fato de ser uma rede ponto a ponto, onde duas aplicações finais conversam diretamente”, explica Demi. Essa ideia volta com o IPv6 e permitirá o vertiginoso crescimento da Internet das Coisas, que tem lá seus efeitos colaterais, especialmente com relação à privacidade, diz Demi.

Objetos com a rede embutida poderão trocar dados entre si sem que você controle, e repassar informações sobre nós a nossa revelia. No limite, como gosta de ilustrar um dos pais da Internet, Vinton Cerf, sua geladeira poderá ser capaz de avisar ao supermercado que acabou o seu estoque de cerveja, mas antes que o supermercado faça a reposição, sua balança já terá informado o seu médico que você está acima do peso e seu médico poderá determinar que o supermercado não forneça a cerveja.

Demi lembra que, no passado, todo mundo podia navegar anônimo na Internet. Todo mundo podia participar de chats, fóruns, entrar nas discussões sem que ninguém soubesse a sua real identidade. Em 2013 todo mundo sabe quem você é, o que você come, o que você veste. Então o uso da Internet já mudou e continuará mudando em relação a isso.

Usada de forma responsável, a Internet das Coisas poderá trazer benefícios sem precedentes, ganhos de eficiência, uma vida muito mais confortável e conveniente. Mas os riscos associados ao uso irresponsável são igualmente enormes, bem como o perigo de consequências não intencionais em uma época de expansão exponencial de conectividade. O que nos remete a outra questão sobre a natureza da Internet. Ela nunca foi voltada para ser uma rede de segurança. “Os roteadores jogam fora o que eles quiserem. As camadas mais altas da rede é que vão se encarregar de garantir que alguma coisa vai ser entregue de forma absolutamente fidedigna, mais ou menos, ou deixará de ser entregue porque não deu”, diz Demi. Querer introduzir isso dentro da rede é fazer outra Internet, ressalta ele.

Os recentes acontecimentos mundiais sobre espionagem cibernética deixam claro que a captura de praticamente tudo é tecnicamente possível. Portanto, a Internet das Coisas, a comunicação M2M, o Big Data, a Inteligência Artificial, nada disso poderá gerar frutos a menos que possamos forjar novos contratos sociais, uma nova ética, um novo estado de direito que nos faça sentir seguros e nos permita trabalhar, afirma o futurólogo Gerd Leonhard, para quem a conectividade será como o oxigênio, necessário para a vida (moderna). Vale assistir a última palestra dele, sobre o futuro da Internet.

Confiança e ética são fundamentais, de acordo com Gerd. Sem estabelecer um quadro de confiança, ninguém vai sobreviver os próximos cinco anos. Pós revelações sobre a espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA), as gigantes da Internet parecem ter assimilado bem essa questão, ao assinarem a carta aberta na qual defendem a “necessidade urgente de reformar as práticas de vigilância dos governos em todo mundo”. Fariam bem se começassem elas mesmo tornando públicas suas práticas de captura e uso de dados dos internautas. Transparência é a base da confiança.

Já hoje, uma boa parte da população da Internet é formada por robôs indistinguíveis de seres humanos, e grande parte deles interagem com a gente sem que saibamos. Eles são responsáveis por 61 por cento de todo o tráfego da web, segundo o último relatório da Incapsula. Em 2013, o tráfego gerado por eles cresceu 20%. A maior parte desse aumento foi gerado por algoritmos de rastreamento como web analytics ou indexação de motores de busca.

Nossas identidades sociais on-line estão nas mãos de algoritmos e bots … Sempre que usamos o Facebook, algoritmos conhecidos como EdgeRank e Graph Rank já filtraram e classificaram a informação que vemos. Sempre que usamos o Google, o onipresente algoritmo PageRank já filtrou, classificou e exibiu os resultados que o Google acha que são mais adequados, baseados em nosso comportamento anterior na Web. Quando consideramos que as redes sociais e as ferramentas de busca são as duas principais formas de interação com a Internet, é preocupante que bots e algoritmos estejam gerindo esse sombrio mundo.

Em contrapartida. o número de bots maliciosos permaneceu bastante estável, o que não quer dizer que os hackers, scrapers e cia não estejam ficando mais espertos. O relatório da Incapsula constatou que pouco mais de 30% de todo o tráfego da web vem de bots maliciosos, que podem assumir a forma de scrapers que copiam e roubam conteúdo, hackers de um site que roubam cartões de crédito ou injetam malware, spammers postando links fraudulentos ou comentários falsos, etc.

Mais rápida, mais onipresente, mais pervasiva, mais inteligente…. se as tecnologias podem garantir um futuro brilhante para a natureza da rede, o uso que faremos dela continuará trazendo grandes desafios em relação à segurança. Eu acho que é uma questão muito mais grave do que nós tendemos a pensar, porque é em nome da segurança que os regulamentos, abstenções e exclusões estão acontecendo, e não em nome da garantia de uma internet aberta, colaborativa e inclusiva.

A segurança virou desculpa para a resolução de questões econômicas muito, muito importantes relacionados à Internet, e para questão relacionadas com a neutralidade da rede, etc. Creio que essas permanecerão questões continuas, que ainda darão muita discussão nos fóruns internacionais e nacionais, entre governos, sociedade civil e agentes econômicos. O traçado desse futuro, embora já delineado,  permanece incerto.
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Re: O futuro da Internet já está praticamente traçado. Conhe

Mensagempor Rafael Schonberg » Ter, 17 de Dezembro 2013, 15:46

Futuro temeroso :medo:
O homem não consegue descobrir novos oceanos se não tiver a coragem de perder de vista a costa. — André Gide
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Re: O futuro da Internet já está praticamente traçado. Conhe

Mensagempor Claudio Novais » Ter, 17 de Dezembro 2013, 20:46

O Futuro só é perigoso em dois sentidos: os nossos equipamentos podem não ser confiáveis (e parece que não!) e a questão dos DNSs serem centralizados e portanto o site só pode existir por intermédio de quem os gere.

De resto a Internet continua a ter uma liberdade nunca antes vista! Basta ver a imensidão que se fala que é a DeepWeb.
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